Estes estudos e avanços na área da microbiota intestinal motivaram a conferência de encerramento da Semana Digestiva 2015, dirigida pela Prof.ª Doutora Maria do Carmo Passos, presidente da Federação Brasileira de Gastrenterologia, que apresentou trabalhos recentes sobre a colonização do tubo digestivo do recém-nascido.
Esses mesmos estudos “demonstram que o líquido amniótico e as membranas não são totalmente estéreis. Cada um de nós apresenta um padrão próprio de distribuição e composição da sua microbiota ao longo do tubo digestivo que, em parte, é determinado pelo genótipo do hospedeiro e pela colonização inicial após o parto”.
De acordo com a especialista “o tipo do parto, o tipo de alimentação, aleitamento natural ou artificial, são fatores fundamentais na definição da microbiota intestinal do lactente que ocorre por volta de 24 a 36 meses, tendendo a ser estável durante toda a vida. As espécies e a concentração local dos microrganismos, em geral, seguem um padrão já bem conhecido com predomínio de bactérias gram positivas no trato digestivo proximal e gram negativas e anaeróbias no restante do intestino delgado e cólon (Bacterioides e Firmicutes, em sua maioria)”.
Os mais recentes estudos sobre o tema e apresentados na Semana Digestiva 2015 revelam que o número de bactérias residentes no tubo digestivo é em mais de 10 vezes superior ao número de células humanas e que o genoma microbiano é significativamente maior que o genoma humano (100 trilhões de células bacterianas que fornecem uma média de 600.000 genes ao ser humano).
De acordo com estes dados, “pode afirmar-se que a microbiota tem atividade metabólica semelhante a um órgão virtual dentro do organismo humano”, sublinhou a Profª Doutora Maria do Carmo Passos.
Outros estudos têm também sugerido que “a microbiota intestinal (eubiose/disbiose) possa estar implicada na fisiopatologia de diversas doenças gastrointestinais como, por exemplo, diarreias crônicas, síndrome do intestino irritável e doenças inflamatórias intestinais”.